Neste segundo texto que compartilho com vocês, recordo que caminhar os 800 km entre o sul da França e leste da Espanha foi um exercício de fé ao longo 33 dias, e, também, um tempo de exercitar e redescobrir as virtudes.
As virtudes são disposições regulares e decididas de fazer o bem. São bons hábitos que nos impulsionam a darmos o nosso melhor. Hoje, partilho três dessas virtudes vividas.
Iniciamos, meu amigo e eu, o Caminho Francês em Saint-Jean-Pied-de-Port. Fomos aconselhados a respeitar os limites do nosso corpo diante das muitas subidas e descidas na travessia dos Pirineus, a cadeia de montanhas entre a França e a Espanha. A primeira virtude encontrada foi a circunspecção. Ela corresponde ao bem observar a realidade, e melhor analisar os meios para chegar ao objetivo. Portanto, seguimos prudentemente o planejamento inicial, mantendo o nosso ritmo de caminhada, apesar de muitos passarem apressadamente por nós. Por fim, todos nos encontramos na pequena vila basca de Roncesvales.
A chuva marcou o segundo dia. Foi um teste de paciência, virtude que etimologicamente significa “saber sofrer”. De manhã cedo, após a missa diária, olhamos para o chuvisco e pensamos: “bem, um dia iria chover, então paciência. Temos capas de proteção, vamos encarar!” A paciência revelou-se necessária mais à frente, pois havia ainda uma íngreme descida, com suas pedras soltas, antes de chegarmos ao povoado de Zubiri.
A virtude da constância foi importante para concluir a terceira etapa, na cidade de Pamplona, famosa pela corrida dos touros. Tal virtude foi vivida numa caminhada tranquila. As mudanças são comuns e diárias no Caminho, e isso empolga, mas um é o constante desafio: continuar a caminhar, dia após dia, até Santiago de Compostela.
Que nessa semana, cujo dia 25 de julho celebramos a Festa de São Tiago Maior, você encontre oportunidades de crescer na circunspecção, na paciência e na constância. Deus lhe abençoe.
Pe. Gabriel Zucki Bagatini
Reitor do Seminário Maior São João Batista