No 34º Domingo do Tempo Comum, nós celebramos a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. A Liturgia da Palavra nos revela como se dá o senhorio e o reinado de Deus na história. O Profeta Ezequiel, já na primeira leitura, apresenta-nos a ação de Deus, que resgata as ovelhas perdidas da casa de Israel: “vou cuidar de minhas ovelhas e vou resgatá-las de todos os lugares em que foram dispersadas num dia de nuvens e escuridão” (Ez 34,12). O profeta nos revela que Deus procura e se empenha em buscar: “Vou procurar a ovelha perdida, reconduzir a extraviada, enfaixar a da perna quebrada, fortalecer a doente, e vigiar a ovelha gorda e forte” (Ez 34,16). Esta certeza na ação de Deus nos faz responder com o Salmo 22(23), no versículo 4, proposto para este domingo: “Ainda que eu atravesse o vale escuro, nada temerei, pois estais comigo. Vosso bordão e vosso báculo são o meu amparo.”
Estas profecias se concretizam no Filho de Deus, que se faz o Bom Pastor: “O Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido” (Lc 19,11). Esta procura se faz por total identificação. Ele assumiu nossa fraqueza, nossa miséria, para revelar a misericórdia de Deus: “porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim” (Mt 25,35). O próprio Senhor, para resgatar, coloca-se no lugar daquele que precisa ser resgatado. E por que isso acontece? Porque Deus é amor. Imaginemos o amor de um pai ou de uma mãe diante do perigo de vida de um filho ou de uma filha; quanto mais o amor de Deus por nós.
O grande sermão da esperança (capítulos 24 e 25 de Mateus), alerta-nos para uma vigilância atenta que nos permita perseverar no grande dom que recebemos de Deus: amar, servir e partilhar. Nas parábolas, a vigilância é uma chamada de atenção aos discípulos e discípulas, pois estamos imersos em realidades que podem nos distrair: “A iniquidade se espalhará tanto que o amor de muitos esfriará” (Mt 24,12). Até que ponto estamos abastecendo as lamparinas à espera do Senhor? Até que ponto estamos trabalhando os talentos que o Senhor nos confiou?
Encontrar Jesus Cristo é encontrar o Bom Pastor. Segui-lo é nos deixarmos por Ele configurar no amor, no serviço, na compaixão, enfim, na sua Páscoa. Perseverantes no Evangelho aguardamos o encontro com o Cristo Ressuscitado, Glorioso e Senhor da história.
Somos gratos pelo dom de todos os batizados e batizadas que, mergulhados na Páscoa do Senhor, são na história ‘sal da terra e luz do mundo’. Louvado seja Deus pelos leigos e leigas que, na sociedade, testemunham o Evangelho com a vida, com a vocação e com sua profissão.
Este domingo nos propõe uma palavra que revela as perguntas do julgamento final. O mais importante é respondê-las com nossa vida, com nossas opções, no seguimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Como nos diz São João da Cruz: “No fim, no crepúsculo da vida, seremos julgados pelo amor”.
Deus vos abençoe!
Dom Carlos Romulo – Bispo de Montenegro