Com a Liturgia deste domingo, iniciamos as celebrações do Advento de Nosso Senhor Jesus Cristo. A oração inicial da Missa do 1º Domingo do Advento ajuda-nos a compreender o sentido deste ‘tempo litúrgico’: “Concedei a vossos fiéis o ardente desejo de possuir o reino celeste para que, acorrendo com as nossas boas obras ao encontro do Cristo que vem, sejamos reunidos à sua direita na comunidade dos justos” (Oração da Coleta). Portanto, é vigilância ativa na expectativa da vinda do “dono da casa”. A vigilância não é medo, mas é empenho para acolhê-Lo.
O profeta Isaías apresenta um lamento: “Como nos deixastes andar longe dos teus caminhos e endurecestes nossos corações para não termos o teu temor?” (Is 63,16b). Andar longe dos caminhos do Senhor, endurecer o coração e não ter o temor de Deus, representam atitudes de resistência, de dureza e desatenção à ação de Deus.
Como estamos no início deste Advento? O que precisa ser transformado em nossa vida? Qual é o nosso lamento? Será que também nós estamos rígidos, impermeáveis à Graça de Deus?
No início do Advento, o profeta Isaías usa a imagem do oleiro: “Senhor, tu és nosso Pai, nós somos barro; tu, nosso oleiro, e nós todos, obra de tuas mãos” (Is 63,7). O profeta Jeremias também usa esta expressão: “O que é a argila em suas mãos, assim sois vós nas minhas, Casa de Israel” (Jr 18,6).
O Advento se aproxima como uma graça em nossa vida, como uma oportunidade de transformação, mas precisamos deixar as mãos de Deus trabalhar em nós. Assim como ao criar o ser humano, “então o Senhor Deus formou o ser humano com o pó do solo, soprou-lhe nas narinas o sopro da vida, e ele tornou-se um ser vivente” (Gn 2,7), assim também, agora, Ele continua a trabalhar em nós, a nos modelar.
Acolhamos este tempo de Advento como um convite à conversão, à disponibilidade. Somos chamados a retomar a nossa vocação batismal. No Batismo, morremos para o pecado e nascemos para uma ‘vida nova’. Pensemos na água, que amolece o barro; pensemos nas mãos de Deus a nos modelar; pensemos no sopro divino, que nos faz viver. Sejamos vigilantes e atentos à Palavra do Senhor, e isto nos fará maleáveis nas mãos de Deus.
Portanto, na espera vigilante e jubilosa, na esperança e na conversão, encontramos um caminho seguro de transformação e transfiguração espiritual e pastoral: “É Ele também que vos dará perseverança em vosso procedimento irrepreensível, até o fim, até o dia de Nosso Senhor Jesus Cristo. Deus é fiel; por ele fostes chamados à comunhão com seu Filho, Jesus Cristo, Senhor nosso” (1Cor 1,8-9).
Um abençoado Advento!
Dom Carlos Romulo – Bispo de Montenegro