A celebração do Natal, no contexto da pandemia que vivemos ao longo deste ano, nos impele a fazermos memória, a expressar nossa gratidão e a professarmos nossa esperança.
Memória, porque estamos em comunhão com nossa realidade de dor, de perdas, mas também de solidariedade e de partilha.
Gratidão pelo dom da vida e pela resiliência, pela capacidade de superação. Somos gratos, porque, amados por Deus, podemos ter um novo olhar sobre nossas famílias e por nossa comunidade. O Natal recorda que, Deus é Emanuel, Deus conosco, em qualquer circunstância.
Esperança, porque mais do que uma ‘luz no fundo do túnel’, nós professamos a luz que vem de Belém, ‘do fundo da estrebaria’. Na noite de Natal vamos escutar: “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; sobre aqueles que habitavam uma região tenebrosa resplandeceu uma luz” (Is 9,1). Esta luz que foi esperança para o povo de Deus, como nos relata o Profeta Isaías, nós encontramos como boa notícia no nascimento de Jesus em Belém: “O anjo disse-lhes: “Não temais, eis que vos anuncio uma Boa-Nova que será alegria para todo o povo: hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: achareis um recém-nascido envolto em faixas e posto numa manjedoura” (Lc 2,10-12). Deus se faz pequeno e se abaixa para nos acolher e nos dar a verdadeira esperança.
O Papa Francisco, ao nos convidar a comtemplar o presépio, está nos ensinando a ler os sinais de Deus nas pequenas coisas: “O sinal admirável do Presépio, muito amado pelo povo cristão, não cessa de suscitar maravilha e enlevo. Representar o acontecimento da natividade de Jesus equivale a anunciar, com simplicidade e alegria, o mistério da encarnação do Filho de Deus. De fato, o Presépio é como um Evangelho vivo que transvaza das páginas da Sagrada Escritura. Ao mesmo tempo que contemplamos a representação do Natal, somos convidados a colocar-nos espiritualmente a caminho, atraídos pela humildade d’Aquele que Se fez homem a fim de Se encontrar com todo o homem, e a descobrirmos que nos ama tanto, que Se uniu a nós para podermos, também nós, unir-nos a Ele” (Papa Francisco – Carta Apostólica Admirabile Signum).
Neste Natal, vamos contemplar o amor de Deus, que se manifesta no cotidiano de nossa vida, na vida de nossas famílias, na experiência de ser comunidade, e em todos gestos de doação e de solidariedade que acontecem em nossa sociedade.
Um Feliz e abençoado Natal!
+Dom Carlos Romulo – Bispo Diocesano de Montenegro.