1ª Leitura: Isaías 61,1-2a;10-11; Salmo (Lc 1,46-54); 2ª Leitura: 1Ts 5,16-24; Evangelho: João 1,6-8.19-28.
Chegamos ao 3º Domingo do Advento, conhecido como o ‘Domingo da Alegria’: “Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto” (Fl 4,4-5). É a proximidade de Deus que desperta alegria. Esta alegria se manifesta num testemunho profético: “Surgiu um homem enviado por Deus; seu nome era João” (Lc 1,6). Ele “não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz” (Jo 1,8). O convite para o deserto, o anúncio da Palavra, o chamado à conversão e o batismo nas águas do rio Jordão: condição que prepara um povo disposto para o tempo messiânico.
O fato de Jesus de Nazaré ter ido ao encontro de João, pedindo para ser batizado no rio Jordão, ‘canonizou’ este caminho de conversão, tornando este um modelo que prepara discípulos e discípulas, em todos os tempos. Para acolhermos uma novidade, faz-se necessário, como João, primeiro compreendermos o que ‘não somos’, ou seja, desmascarar nossas fantasias e nossos ídolos: “Não sou o Messias!”; “Não sou Elias!”; “Não Sou o Profeta!”. Ao renunciar autoprojeções e falsas expectativas, o profeta João encontra sua verdadeira identidade: “Eu sou a voz que grita no deserto: ‘Aplainai o caminho do Senhor’” (Jo 1,23).
O ‘não sou’, do profeta João, abre caminho para testemunhar Aquele que é verdadeiramente, o “Eu sou”, ou seja, “a luz verdadeira que, vindo ao mundo, a todos ilumina” (Jo 1,9). O Evangelho de João vai apresentar esta luz, com sete ‘Eu sou’: “Eu sou o pão da vida” (Jo 6,35.51); “Eu sou a luz do mundo” (Jo 8,12); “Eu sou a porta das ovelhas” (Jo 10, 7.9); “Eu sou o bom pastor” (Jo 10, 11.14); “Eu sou a ressurreição e a vida” (Jo 11,25-26); “Eu Sou o caminho a verdade e a vida” (Jo 14, 6.7); “Eu Sou a videira verdadeira!” (Jo 15, 1.5).
Para podermos perceber a proximidade do Senhor, faz-se necessário compreender o nosso lugar na história da salvação. É o que faz João Batista, que dá o seu testemunho: “no meio de vós está aquele que vós não conheceis, e que vem depois de mim. Eu não mereço desamarrar a correia de suas sandálias” (Jo 1,26-27). João, como ‘voz que grita no deserto’, revela a Palavra que está como semente no meio de nós e que age misteriosamente, como já anunciava o profeta Isaías: “Assim como a terra faz brotar a planta e o jardim faz germinar a semente, assim o Senhor fará germinar a justiça diante de todas as nações” (Is 61,11).
A alegria cristã não é fruto de qualquer agitação ou resultado imediato, mas é expressão da certeza da proximidade do Senhor, que volta para o ser humano. A certeza de que somos amados por Deus faz o Apóstolo Paulo apontar para a comunidade dos tessalonicenses, e para todos nós, atitudes de gratidão e de vida nova: “Estai sempre alegres! Rezai sem cessar. Dai graças em todas as circunstâncias, porque esta é, a vosso respeito, a vontade de Deus em Jesus Cristo…Afastai-vos de toda espécie de maldade!” (1Ts 5,16; 22). O fundamento de tudo isso está na própria Palavra do Senhor: “Aquele que vos chamou é fiel; ele mesmo realizará tudo isso” (1Ts 5,24).
Ao longo do Advento, a cada domingo, acendemos uma vela na coroa. Esta vela acesa simboliza a acolhida da Palavra: “Lâmpada para meus passos é tua palavra, e luz no meu caminho” (Sl 119,105). Na noite de Natal, então, esta luz será plena: “O povo que andava na escuridão viu uma grande luz; para os que habitavam as sombras da morte uma luz resplandeceu” (Is 9,1).
Vamos, neste domingo, agradecer ao Senhor, ‘Luz do mundo’, que no Batismo nos iluminou e nos chamou a dar testemunho do Evangelho: “Vós sois o sal da terra…vós sois a luz do mundo” (cf. Mt 5,13.14).
Oremos: Ó Deus de bondade, que vedes o vosso povo esperando fervoroso o Natal do Senhor, dai chegarmos às alegrias da Salvação e celebrá-las com intenso júbilo na solene liturgia.
Deus vos abençoe e vos guarde!
+ Carlos Romulo – Bispo da Diocese de Montenegro – RS