Há mais de 50 anos a Igreja no Brasil realiza uma Campanha da Fraternidade, que inicia no tempo da Quaresma. Ela não substitui nem concorre com a Quaresma, mas é ocasião de perceber que o apelo do Senhor à conversão não é genérico ou abstrato. O Senhor nos chama à conversão no contexto em que estamos. A conversão, que é pessoal, passa também pela vivência comunitária, eclesial e social. É bonito perceber que a Campanha da Fraternidade resulta também em obras concretas de promoção e defesa da vida, fruto da Coleta da Solidariedade, que acontece sempre no Domingo de Ramos. Em 2021, será no dia 28 de março.
No ano 2000 aconteceu a I Campanha da Fraternidade Ecumênica, em que outras Igrejas Cristãs, membros do CONIC (Conselho Nacional da Igrejas Cristãs do Brasil), integraram esta iniciativa da Igreja Católica. Neste ano estamos vivendo a V Campanha da Fraternidade Ecumênica.
Cada Campanha da Fraternidade Ecumênica “sinaliza que o diálogo é o nosso melhor testemunho. A fé nos lembra que Cristo é nossa paz e nos anima a prosseguir pelo caminho da unidade na diversidade. A Boa-Nova do Evangelho nos une e acolhe nossas diferentes experiências de testemunho cristão. A escolha por testemunhar a fé vivida em diversidade desafia-nos para realizar a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021. Com ela, afirmamos que a fraternidade e o diálogo são compromissos de amor, porque Cristo fez uma unidade daquilo que era dividido” (Texto Base da CFE, p. 8).
Que Igrejas ou Organizações participam?
- Igreja Católica Apostólica Romana
- Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil
- Igreja Presbiteriana Unida do Brasil
- Igreja Episcopal Anglicana
- Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia
- Aliança de Batistas do Brasil
- Igreja Betesda
- Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular.
Tema: Fraternidade e diálogo: compromisso de amor.
Lema: “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade”. (Ef 2,14a).
Objetivo Geral: A CFE 2021 convida as comunidades de fé e pessoas de boa vontade a pensarem, avaliarem e identificarem caminhos para superar as polarizações e violências através do diálogo amoroso, testemunhando a unidade na diversidade.
Objetivos específicos:
- Redescobrir a força e a beleza do diálogo como caminho de relações mais amorosas;
- Denunciar as diferentes violências praticadas e legitimadas indevidamente em nome de Jesus;
- Comprometer-nos com as causas que defendem a casa comum, denunciando a instrumentalização da fé em Jesus Cristo que legitima a exploração e a destruição socioambiental;
- Contribuir para superar as desigualdades;
- Animar o engajamento em ações concretas de amor ao próximo;
- Promover a conversão para a cultura do amor, como forma de superar a cultura do ódio;
- Fortalecer a convivência ecumênica e inter-religiosa;
- Estimular o diálogo e a convivência fraterna como experiências humanas irrenunciáveis, em meio a crenças, ideologias e concepções, em um mundo cada vez mais plural;
- Compartilhar experiências concretas de diálogo e convívio fraterno.
Para concluir, alguns trechos do Texto Base desta CFE:
“Jesus nunca orientou seus discípulos e discípulas a criarem inimizades e perseguirem outras pessoas em seu nome. As palavras de Jesus sempre foram orientadas para que as pessoas assumissem compromissos em defesa da igualdade e do diálogo. (…)
A Quaresma, na tradição cristã, é período de conversão e autorreflexão; são 40 dias dedicados à oração, ao jejum, à partilha do pão e à conversão pela revisão de nossas práticas e posturas diante da vida, do Planeta e das pessoas. É a prática da contrição, isto é, o momento de arrependimento dos pecados cometidos e o reconhecimento de que esses pecados são uma ofensa ao Deus amor.
Queremos que a Quaresma nos inquiete com uma ‘PAZ que luta pela PAZ! A PAZ que nos sacode com a urgência do Reino. A PAZ que invade, com o vento do Espírito, a rotina e o medo, o sossego das praias e a oração de refúgio. (…) Dá-nos a tua PAZ, Senhor, essa PAZ marginal que soletra em Belém e agoniza na Cruz e triunfa na Páscoa.’ (Poema: A paz inquieta, de Dom Pedro Casaldáliga)”. (Do Texto Base da CFE, p. 13-15).
Por: Pe. Eduardo Luis Haas